Ilha de Margarita

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa
Ilha de Margarita
Ilha de Margarita está localizado em: Venezuela
Ilha de Margarita
Isla Margarita na Venezuela
Coordenadas: 11° 01' 04" N 63° 55' 20" O

Mapa da Ilha de Margarita.
Geografia física
País Venezuela
Localização Mar do Caribe
Ponto culminante 920 m
Área 1,020  km²
Geografia humana
População 436,900
Densidade 411,7 hab./km²

A Ilha Margarida,[1][2][3][4][5] Ilha de Margarida[6][7][8] ou Ilha de Margarita[9][10] (em castelhano: Isla de Margarita), é uma ilha da Venezuela situada no mar do Caribe, a nordeste de Caracas, a capital do país. Chega-se à ilha num voo de 35 minutos ou pelo ferry-boat que pode levar 2 horas (express) ou 5 horas (convencional), que sai de Puerto la Cruz ou Cumaná. A capital é a cidade de La Asunción, situada no vale homônimo. As indústrias principais são o turismo, pesca e construção civil. A ilha é habitada por cerca de 420.000 pessoas. Um dos principais destinos turísticos da Venezuela, conhecido por sua beleza natural. Uma das mais disputadas atrações de Margarita é a visita ao parque nacional Laguna de La Restinga.

Margarita é um nome feminino de origem grega Μαργαρίτης ("Margarites"), que significa "pérola". Cristóvão Colombo batizou a ilha com o nome de La Asunción, por ter sido descoberta em 15 de agosto, data religiosa da Assunção de Maria. No ano seguinte, em 1499, Pedro Alonso Niño e Cristóbal Guerra, a rebatizaram com o nome de "La Margarita" devido à abundância de pérolas encontradas na região.

Outra hipótese sugere que o nome "Margarita" se refere à rainha Margarida da Áustria-Estíria. O catalão Pedro Margarit, que viajou junto a Colombo em suas expedições, as batizaria com o nome de Margaritas. Margarita era denominada Paraguachoa pelos indígenas Waikeríes e, segundo Luis B. Mata García em seu livro Toponímia de Povos Neoespartanos, comenta que "Paraguachoa, termo que para alguns investigadores quer dizer "peixes em abundância" e para outros "gente de mar".[11]

Terceira viagem de Colombo quando chegou à Ilha de Margarita em 15 de agosto de 1498.

Em 15 de agosto de 1498, durante o terceiro viagem, Cristóvão Colombo chegou à Margarita. Na época, a ilha de Margarita era habitada pelos Guaiqueríes, uma etnia indígena que, segundo Alexander von Humboldt, falava uma língua relacionada ao warao.

Quando Colombo chegou à ilha, ele avistou três ilhas, duas delas pequenas, baixas e áridas (as atuais Coche e Cubagua), separadas por um canal de uma terceira, maior, coberta de vegetação e habitada por indígenas que a chamavam de Paraguachoa.[11] Ao chegar à ilha de Margarita, eles foram surpreendidos por um clima agradável e uma grande corrente de água doce.[12] Colombo descreve Margarita em sua carta aos reis:

Em 15 de agosto de 1498, durante sua terceira viagem, Cristóvão Colombo chegou à Ilha de Margarita. Naquela época, a ilha era habitada pelos Guaiqueríes, um grupo indígena que, segundo Alexander von Humboldt, falava uma língua relacionada ao warao.[13] Colombo avistou “três ilhas”, duas pequenas, baixas e áridas (as atuais Coche e Cubagua), separadas por um canal de uma terceira ilha, maior, coberta de vegetação e habitada por indígenas que a chamavam de Paraguachoa.[14] Ao chegar a Margarita, foram surpreendidos por um clima agradável e uma grande corrente de água doce,[15] Colombo descreveu Margarita em uma carta aos reis:

Eu jamais li ou ouvi falar de tamanha quantidade de água doce tão próxima e vizinha da salgada; e nela também a suavíssima temperatura. E se não vier do Paraíso, parece ainda maior maravilha, pois não creio que se saiba no mundo de um rio tão grande e tão profundo”.[15]
— Em 15 de agosto de 1498, durante sua terceira viagem, Cristóvão Colombo
Proprietário por duas vidas Período
Marcelo Villalobos 1525-1526
Isabel Manrique (interina) 1526 / 1527-1542
Aldonza Villalobos Manrique 1542-1575
Juan Sarmiento (interino) 1575

Em 18 de março de 1525, o imperador Carlos V estabeleceu a Província ou Governadoria de Margarita, concedendo-a ao licenciado Marcelo Villalobos por duas vidas. Após sua morte em 24 de junho de 1526,[16] sua filha, Aldonza Villalobos Manrique, tornou-se herdeira conforme a capitulação real de 13 de junho de 1527.[17] Como Aldonza era menor de idade, sua mãe, Isabel Manrique de Villalobos, assumiu o governo da ilha.[18] Isabel dedicou-se a trazer colonizadores permanentes e nomeou Pedro de Villárdiga como tenente de governador para auxiliar nas tarefas administrativas.[17] Villalobos tinha o dever de apoiar a evangelização católica na ilha, mas falhou nessa atribuição. Assim, Margarita foi assistida espiritualmente pelas dioceses de Santo Domingo e Porto Rico simultaneamente e sem aprovação real, gerando conflitos de interesse, principalmente pela cobrança de dízimos de Cubagua. Esse conflito foi resolvido em 1535, quando o rei designou provisoriamente o bispado de Porto Rico como responsável.[19]

Em 1529, foi fundada San Juan Bautista, a primeira comuna espanhola na ilha de Margarita, por Pedro de Alegría, sucessor de Francisco Fajardo e primeiro europeu a se estabelecer no vale de San Juan Bautista, onde formou uma fazenda de gado.[20][21] O diretório da diocese de Margarita nomeou San Juan Bautista como paróquia em 1529.[22] Em 7 de dezembro de 1537, uma Real Cédula de Valladolid reconheceu Pedro de Alegría como o primeiro colonizador e agricultor da ilha, criando o primeiro rebanho de gado.[20][23]

"Alcaldes ordinarios da ilha de Cubagua: Sebastián Rodríguez, em nome de Pedro de Herrera, vizinho dessa ilha, me fez relação de que ele tem e possui o vale de San Juan na ilha Margarita para pasto de seus gados e bestas, com as águas e terras de cultivo que nele existem, o qual foi possuído por Pedro de Alegría, já falecido, pai de sua esposa, cuja herdeira é, e que após sua morte foi concedido e entregue pela justiça dessa ilha a quem cabia o direito. O dito vale vai desde o nascimento da serra e águas vertentes até a boca do vale, o que pode medir cerca de uma légua de comprimento, e no vale abaixo, entre uma cordilheira e outra das serras laterais, pode medir na parte mais larga meia légua e, no plano entre as serras, um quarto de légua. Ele me suplicou que, em reconhecimento pelos serviços prestados por ele e por seu sogro Pedro de Alegría, que foi o primeiro colonizador dessa ilha e quem primeiro cultivou trigo e criou gado nela, além de ter nos prestado outros serviços importantes, concedêssemos a ele a confirmação do dito vale, que tanto ele como sua esposa possuem e que Pedro de Alegría, seu sogro, anteriormente possuía. E, como desejo ser informado do que se trata, ordeno que, assim que veja esta ordem, envie-nos um relatório ao nosso Conselho das Índias sobre qual vale é este e se haverá prejuízo em confirmá-lo a Pedro de Herrera, bem como tudo o mais que julgar necessário que seja informado, para que, visto, se providencie o que for adequado e justo. Não faça nada além disso. Feito na vila de Valladolid, em sete de dezembro de mil quinhentos e trinta e sete anos. Assinado e referendado pelos ditos.”[20]
7 de Dezembro de 1537 em uma Real Cédula emitida em Valladolid

Criação de Gado

[editar | editar código-fonte]
Caprinos da região pertencente ao Vale de San Juan na época.

As primeiras espécies de gado bovino, equino e caprino chegaram a San Juan em 1528. Os animais se adaptaram a condições ideais para a reprodução, de modo que, a partir da década de 1540, San Juan se tornou o principal fornecedor de gado para diversas partes do Terra Firme e da própria governadoria da Venezuela. Os bovinos e cavalos de San Juan eram enviados até mesmo para territórios distantes como a Nova Granada.[24] Da mesma forma, o vale de San Juan fornecia também os animais necessários para expedições de exploração e conquista em várias regiões do Caribe, que obtinham na ilha os suprimentos necessários, como citado em 1569, na empresa de Diego Fernández de Serpa: “em 4 de outubro, em troca de algumas mercadorias que levava, comprou oitocentas vacas a serem entregues nas planícies da Venezuela. Os soldados que puderam se equiparam com cavalos na ilha, onde permaneceram oito dias...”.[24] Assim, as atividades de criação de gado eram consideráveis.[24]

A ilha foi devastada por ataques constantes de piratas, corsários e caribes, resultando em saques e destruição 14 vezes ao longo de sua história.[25] Isso resultou no encarecimento dos alimentos na ilha, tanto pela necessidade de repor os estoques quanto pelos saques de navios em alto mar. Além disso, os habitantes não se dedicavam à agricultura, pois passavam a maior parte do tempo construindo fortes e defendendo a ilha, temendo atrair inimigos e impossibilitando a diversificação das atividades agropecuárias. Em 1577, Manuel de Mercado encontrou a ilha em condições deploráveis, referindo-se a ela como "muito castigada" devido ao fato de que, em 15 de agosto de 1576, foi saqueada e incendiada por franceses, restando apenas a igreja e "4 ou 5 casas em que os franceses se fortificaram".[19] Em 1677, a governadoria da ilha enfrentou problemas devido aos rebanhos de cabras que atraíam piratas, e em abril desse ano, a maior parte da ilha foi incendiada e as fazendas foram saqueadas até mesmo nas áreas rurais onde os habitantes haviam se refugiado.[19]

Tirano Aguirre e seus "marañones"

[editar | editar código-fonte]
Mapa espanhol da ilha Margarita. Nicolás de Cardona, 1632.
Mapa de 1840 feito por Agustín Codazzi

Em 20 de julho de 1561, o conquistador Lope de Aguirre, conhecido como Tirano Aguirre, chegou à ilha de Margarita vindo do Peru,[26] e tomou posse dela, instaurando um regime de terror. Antes de partir para o continente, realizou inúmeros saques e assassinou o governador e centenas de habitantes. Ele fez os moradores acreditarem que possuía um grande tesouro dos incas, e, cobiçando-o, incluindo o governador Don Juan Villadrando, caíram no engano. Aguirre prendeu o governador e membros do Cabildo. Depois, tomou La Asunción e vilarejos vizinhos à força. Informadas as autoridades do continente, enviaram Francisco Fajardo para combatê-lo. Antes de abandonar Margarita, Aguirre enforcou o governador e 50 moradores. Ele escreveu outra carta ao rei da Espanha insultando-o, desta vez assinando como "O Peregrino" e "Príncipe da Liberdade". Em 29 de agosto de 1561, partiu de Margarita rumo a Borburata no continente, onde sua rebelião contra a monarquia espanhola tomou outro rumo. Borburata também foi saqueada por Aguirre e seus "marañones". A província esteve sob a Real Audiencia de Santo Domingo até 1739, quando foi anexada ao Vice-Reino de Nova Granada, junto com as demais províncias venezuelanas. Em 1830, com a fundação da República da Venezuela, foi uma das suas 13 províncias originais.

Até 1739, a ilha havia sido administrada pela Real Audiencia de Santo Domingo, antes de ser anexada ao Vice-Reino de Nova Granada. Em 6 de setembro de 1777, sob a administração de Luis de Unzaga y Amézaga, tornou-se parte da Capitania-Geral da Venezuela, sendo a província de Margarita a mais antiga.[27] Unzaga incentivou o livre comércio e criou escolas públicas, beneficiando a economia venezuelana.<ref>

Referências

  1. «A história da loja de departamentos que virou uma surpresa na Libertadores - Trivela». Trivela. 20 de fevereiro de 2015 
  2. «VII: Ilha Margarida (Venezuela) novembro 1997». segib.org. SEGIB. Consultado em 5 de fevereiro de 2017. Arquivado do original em 5 de fevereiro de 2017 
  3. «BBC Brasil - Notícias - Venezuelano de 14 anos rege orquestra sinfônica». www.bbc.com. Consultado em 5 de fevereiro de 2017 
  4. «Venezuela desenvolve boas relações com países africanos». Portal Vermelho. Consultado em 4 de fevereiro de 2017 
  5. «Crise na Venezuela deixa um rastro de casas abandonadas em Caracas - Outra Cidade». Outra Cidade. 4 de junho de 2016 
  6. «Vídeo: Maduro é perseguido por multidão em panelaço na Venezuela | VEJA.com». VEJA.com. 5 de setembro de 2016 
  7. «VenezuelaTuya». Venezuela Tuya. Consultado em 5 de fevereiro de 2017 
  8. «Ecobreves - VENEZUELA: Resgate de tubarões-lixa na Ilha de Margarida - IPS em português - Notícias». IPS em português (em inglês). 14 de fevereiro de 2005 
  9. «Manaus terá voo direto para Margarita em abril – EM TEMPO» 
  10. «Manaus à Margarita, o que é preciso para encarar a estrada». Amazonas e Mais. 23 de outubro de 2015. Consultado em 5 de fevereiro de 2017 
  11. a b UNA ISLA POBRE Y ACOSADA. VISIÓN DE MARGARITA SEGÚN LOS OBISPOS DEPUERTO RICO. [S.l.: s.n.] 
  12. Márquez, Luis Arranz (2006). Cristóbal Colón: misterio y grandeza (em espanhol). [S.l.]: Marcial Pons Historia 
  13. Humboldt, Alexander: *Reise in die Äquinoctial-gegenden des Neuen Kontinents* (1991). Insel Verlag. Primeiro Volume. Pág. 229. ISBN 3-458-16947-4.
  14. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome :1
  15. a b Luis Arranz (2006). Cristóvão Colombo: mistério e grandeza (em espanhol). [S.l.]: Marcial Pons História. ISBN 978-84-96467-23-1. Consultado em 9 de novembro de 2020  |sobrenome= e |autor= redundantes (ajuda)
  16. Hermann González, Manuel, e Alberto Donis Ríos (op. cit., p. 56).
  17. a b Hernández Garvi, José Luis (op. cit., p. s/d).
  18. «La historia de la isla de las perlas». Margarita.info. 12 de abril de 2010 
  19. a b c Salazar, Zalena (Janeiro de 2014). «UNA ISLA POBRE Y ACOSADA. VISIÓN DE MARGARITA SEGÚN LOS OBISPOS DE PUERTO RICO, 1561-1774.». Asamblea Nacional 
  20. a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Pedro_Herrera
  21. MARTÍNEZ DE SALINAS ALONSO, LUISA. «EL GOBIERNO DE LA ISLA MARGARITA EN EL SIGLO XVI: HERENCIA Y PRESENCIA FEMENINA». Chronica Nova, Universidade de Valladolid 
  22. Verni Salazar (16 de junho de 2020). «Huella y Presencias Insulares: Escudo da cidade de San Juan Bautista». Otilca Radio (em espanhol). Consultado em 7 de novembro de 2020 
  23. Pedro Claver Cedeño. «.:Diario Caribazo:.». www.diariocaribazo.net. Consultado em 7 de novembro de 2020 
  24. a b c Martínez de Salinas Alonso, Luisa (2009). «EL GOBIERNO DE LA ISLA MARGARITA EN EL SIGLO XVI: HERENCIA Y PRESENCIA FEMENINA» (PDF). Chronica Nova, edição 35. Consultado em 7 de novembro de 2020 
  25. LÓPEZ BRACHO, Silvia Elena; RONDÓN CASIQUE, Elisa Cristina (abril de 2015). «"AL NORTE MI ISLA" SERIE DE CORTOMETRAJES SOBRE LA ISLA DE MARGARITA INSPIRADOS EN EL PROYECTO "CITIES OF LOVE"» (PDF). UNIVERSIDAD CATÓLICA ANDRÉS BELLO, FACULTAD DE HUMANIDADES Y EDUCACIÓN, ESCUELA DE COMUNICACIÓN SOCIAL, MENCIÓN ARTES AUDIOVISUALES 
  26. «INDIAS OCCIDENTALES. 1559-1574.» (PDF). Instituto de História e Cultura Naval 
  27. «La provincia de Margarita nació hace 490 años». AVN. 20 de janeiro de 2017